Guerra Hispano-Marroquina (1859–1860)

Guerra Hispano-Marroquina

A batalha de Tetuão, de Marià Fortuny, óleo sobre tela (MNAC)
Data 22 de outubro de 1859 a 26 de abril de 1860
Local Norte de Marrocos
Desfecho Vitória espanhola
Tratado de Wad-Ras:
  • Marrocos reconhece a soberania espanhola sobre Ceuta e Melilha
  • Cede Sidi Ifni à Espanha
  • Paga reparações de guerra no valor de 100 milhões de pesetas.
Beligerantes
 Espanha  Marrocos
Comandantes
Espanha Isabel II
Espanha Leopoldo O'Donnell
Espanha Juan Zavala
Espanha Juan Prim y Prats
Marrocos Maomé IV
Forças
45 000 entre 35 000 e 45 000
Baixas
4 040 mortos[1] (1152 em combate e 2 888 de doença)
4 994 feridos
6 000 mortos
Infantaria espanhola durante a guerra, por José Benlliure

A Guerra Hispano-Marroquina, também conhecida como a Guerra Espanhola-Marroquina, Primeira Guerra Marroquina,Guerra de Tetuão, ou, na Espanha, Guerra de África, foi travada a partir da declaração de guerra da Espanha a Marrocos em 22 de outubro de 1859 até ao Tratado de Wad-Ras, assinado em 26 de abril de 1860. Começou com um conflito sobre as fronteiras da cidade espanhola de Ceuta e foi travada no norte de Marrocos. Marrocos pediu a paz depois da vitória espanhola na Batalha de Tetuão.

Antecedentes

Ao longo do século XIX, Marrocos sofreu derrotas militares frente a potências europeias, nomeadamente na Guerra Franco-Marroquina de 1844. Em 1856, os britânicos conseguiram pressionar Marrocos a assinar o Tratado Anglo-Marroquino de 1856, que impunha limitações às obrigações das alfândegas marroquinas e pôs fim aos monopólios reais.

Curso da guerra

O casus belli para a Espanha foram os ataques implacáveis ​​de membros de tribos berberes aos acampamentos espanhóis no Norte da África. Na sequência de negociações infrutíferas com o sultão Abderramão vis-à-vis as reparações (o sultão, incapaz de controlar os cabilas, na verdade morreu durante as negociações e foi substituído pelo seu irmão Maomé IV), uma declaração de guerra impulsionada por Leopoldo O'Donnell foi unanimemente aprovada pelo Congresso dos Deputados em 22 de outubro de 1859.[2]

Os espanhóis chegaram a Tetuão em 3 de fevereiro de 1860. Eles bombardearam a cidade nos dois dias seguintes, o que permitiu que o caos reinasse livre. Tribos rifenhas invadiram a cidade e saquearam-na (principalmente nos bairros judeus). O historiador marroquino Ahmad ibn Khalid al-Nasiri descreveu o saque durante o bombardeio:

Um tumulto irrompeu na cidade, […] a mão da multidão estendeu-se para saquear, e até pessoas [normais] tiraram o manto da decência […] Pessoas do Jabal, e os Árabes, e a ralé começaram a pilhar e a roubar; eles arrombaram as portas das casas e das lojas […] mantendo-se nisso a noite inteira até de manhã

Em 5 de fevereiro, os espanhóis entraram na cidade, terminando a batalha e a guerra.

Rescaldo

A Paz de Wad-Ras, por Joaquín Domínguez Bécquer (1870)

Após um armistício de 32 dias,[3] o Tratado de Wad-Ras ou Paz de Tetuão foi assinado em 26 de abril de 1860. O tratado contemplava a extensão da perpetuidade da presença Espanhola em Ceuta e Melilha, o fim dos ataques tribais àquelas cidades, o reconhecimento por Marrocos da soberania espanhola sobre as ilhas Chafarinas, a retrocessão do território de Santa Cruz de Mar Pequeña (um território de localização incerta na época, depois Sidi Ifni) para a Espanha, a fim de estabelecer um posto de pesca, o permissão a missionários para estabelecer uma igreja Cristã em Tetuão, e administração Espanhola sobre a cidade até que as reparações de 20 000 000 de pesetas fossem pagas.[4]

Assim que Marrocos pagou a compensação (parcialmente por meio de dinheiro emprestado pelos britânicos), O'Donnell retirou as suas tropas de Tetuão.[5]

Referências

  1. Warfare and Armed Conflicts: A Statistical Encyclopedia of Casualty and Other Figures, 1492-2015, 4ª ed., Micheal Clodfelter, pág. 199.
  2. Fernández-Rivero 2011, pp. 470–471.
  3. Villatoro, Manuel P. (9 de maio de 2017). «El héroe vasco que defendió España frente a miles de rifeños en la épica batalla de Wad Ras». ABC 
  4. Romero Morales 2014, pp. 639–640.
  5. Romero Morales 2014, p. 640.

Fontes

  • Fernández-Rivero, Juan-Antonio (2011). «La fotografía militar en la guerra de África: Enrique Facio». Ceuta y la Guerra de África de 1859-1860 (PDF). Ceuta: Instituto de Estudios Ceutíes. pp. 459–492. ISBN 978-84-92627-30-1 
  • Romero Morales, Yasmina (2014). «Prensa y literatura en la Guerra de África (1859-1860). Opinión publicada, patriotismo y xenofobia». Bilbau: Universidade do País Basco. Historia Contemporánea (49): 619–644. ISSN 1130-2402 
  • (História Mundial no KMLA)
  • Guerra Marroquina 1859-1860
  • "A History of Modern Morocco" páginas 24–25 Susan Gilson Miller, Cambridge University Press 2013
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre a Guerra Hispano-Marroquina (1859–1860)
Controle de autoridade
  • Wd: Q1540737
  • BRE: 2024300
  • LCCN: sh85126284
  • BPV: 34478